Especial Mulher – O charme do Ciclismo

Pedal Doce Fera reúne mulheres para compartilhar experiências e superar desafios faça chuva ou faça sol
Por Ana Carolina Lahr | fotos: Sacha Ueda – ART foto
No mês em que se comemora o Dia da Mulher, elas encontram no próprio gênero o apoio necessário para continuarem a conquistar seu espaço ao mundo. Assim, formam-se grupos de mulheres no volante, mulheres empreendedoras, mães de primeira viagem.
Surgem também as mulheres que pedalam. Em Indaiatuba, o grupo é graciosamente representado pelas meninas do Pedal Doce Fera, que há três meses se reúnem para compartilhar experiências. “A mulher começou a se preocupar muito mais com o corpo e seu bem-estar, e com isso cresceu o número de praticantes femininas no ciclismo. Ao subir em uma bicicleta a sensação de liberdade é grande. Pode ir onde quiser, tem um tempo para você, para pensar e colocar a cabeça no lugar”, avalia Laís Saes, idealizadora do grupo.
A motivação para a iniciativa foi, nada mais, nada menos, que as singularidades do gênero. “A mountain bike exige garra, vontade de vencer. Comparo muito esses requisitos com o nosso dia a dia, no sentido de superar desafios, ter objetivos, pensar positivo”, comenta Laís, que é competidora da elite Mountain Bike há 15 anos.
Apesar da imagem construída no esporte – ela é referência nacional – Laís Saes nunca conseguiu viver da mountain bike. “Mas, vivi para a mountain bike”, admite, em um trocadilho sincero. Foi no embalo dessa paixão que há um ano ela deixou a advocacia para apostar em um e-commerce especializado em artigos femininos para ciclismo. Ao criar a loja virtual, se aproximou das meninas que pedalam e sentiu uma carência nesse universo. Assim, estruturou o Pedal Doce Fera, que leva o nome da loja. “O objetivo é passar um pouco da minha experiência, os lugares que já pedalei, como se portar mediante determinadas situações. Eu já passei por um pouco do que elas passam, então consigo orientar”, justifica.
ENCONTROS
As meninas do Pedal Doce Fera se encontram às quintas-feiras à noite, no Parque Ecológico. O percurso leva pouco mais de 2h por estradas de terra planas da Rota dos Cavaleiros. Ciente dos medos enfrentados por muitas mulheres ao transitarem pelas ruas em noites escuras, um carro de apoio acompanha o grupo.
O nível iniciante é suficiente para envolver as meninas num ambiente de colaboração e crescimento coletivo. “Algumas evoluíram muito, mas friso que estamos treinando e não competindo. Quanto mais pedalarmos próximas uma da outra, melhor para nos ajudarmos”, salienta Laís.
Como o principal objetivo do Pedal Doce Fera é compartilhar experiências, a veterana orienta às iniciantes no sentido de vivenciarem uma experiência agradável. “Oriento na mudança de marchas, que é sempre uma dúvida, por exemplo”.
Toda mulher – e homem também é bem-vindo –, pode participar da pedalada, basta ter força de vontade. No entanto, por segurança, alguns itens são obrigatórios, segundo Laís: “capacete, luva e farol. Com o tempo, outros acessórios se tornam itens de desejo e necessidade, como os óculos, roupas com proteção UV, sapatilha… e por aí vai”.
A bicicleta, em si, não tem restrições. A atleta salienta, porém, que o equipamento faz diferença no rendimento. “Por mais simples que ela seja, você tem que estar bem posicionado. Não apenas para evitar lesões, mas também para ter rendimento”.
Nesse sentido, ela salienta que embora o fortalecimento e alongamento sejam importantes, a alta performance está diretamente relacionada à postura na bicicleta: “O Bike Fit é fundamental. A avaliação mede as necessidades de cada um; o tamanho ideal da bicicleta, o posicionamento dos pedais e do assento, ajustando a bicicleta para o ciclista”. Outra dica importante refere-se à manutenção. “Tem que ter alguém de confiança que mexa na sua bicicleta. A manutenção mensal é necessária, principalmente após pegar chuva. Equipamentos atualmente são caros e sensíveis, se você não souber cuidar vai ter um desgaste muito maior”, finaliza.
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DELA PARA ELAS
Referência no esporte nacional, Laís Saes já sustentou agendas intensas de competição. Hoje, suas prioridades apontam para uma nova direção.
Desde que inaugurou o E-commerce Doce Fera seu principal objetivo é garimpar o que há de melhor no mercado do ciclismo feminino. “Eu poderia ter uma variedade maior de roupas mas procuro colocar somente produtos que realmente tenham qualidade”, explica.
O E-commerce é o primeiro do país voltado 100% para o gênero.
Alimentada pelo conceito da mulher que pratica um esporte radical sem perder a feminilidade, a loja incorpora no nome o apelido adquirido pela atleta em 2009, quando foi apontada dentre as cinco competidoras de maior destaque no país. “Ao mesmo tempo que eu era delicada e impecável na aparência mesmo depois de enfrentar chuva e lama, o lado competitivo e agressivo exigido pelo esporte não se ofuscava”, explica a atleta patrocinada pela Scott, que há mais de duas décadas desenvolve bikes para elas.
Com showroom no Distrito Industrial de Indaiatuba, a loja trabalha essencialmente com produtos nacionais. O trabalho de orientação alimentado nos encontros do Pedal Doce Fera, continua também pela internet: “tiro muitas dúvidas das meninas porque não estou preocupada só em vender. Quero que elas se sintam bem”.
Um trabalho intenso que rende hoje um novo título a Laís: referência de estilo no ciclismo, surpreendendo a cada clique do Instagram.