O namoro: cada vez mais raro
Fotos: André + elisângela – Foto Criativa
Tudo na vida tem um lado bom e um nem tanto. O que é belo e maravilhoso o é apesar do seu avesso, que é parte dele, e há vários exemplos disso. Não fosse o tal do “se”, a perfeição seria a norma, não a exceção. Diz-se que o mal do século é a solidão, realmente a maioria hoje não quer namorar, não quer compromisso, buscam a liberdade freneticamente. Mas será que isso significa felicidade? As baladas estão cheias de garotas lindas com roupas cada vez mais micro e transparentes, que entram e saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram o sucesso profissional e, sozinhos.
Estamos com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho, fazer um jantar para quem você gosta e depois saber que vão “apenas” dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a ‘sentir’. Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.
Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, ‘pague mico’, saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo para ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.
A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu. Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo – beijar, namorar e não ser de ninguém. Para comer a cereja é preciso comer o bolo todo e nele, os ingredientes vão além do descompromisso, como: não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc.
Desconhece a delícia de assistir a um filme debaixo das cobertas em um dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e amor. Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer bom dia, ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter ´alguém para amar’… Somos livres para optarmos! E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento.
*Graciella Almeida, formada em Letras, apreciadora de boas leituras e que se aventura no mundo da escrita