Segurança

De olhos bem abertos

Tudo mudou e os pequenos estão desde cedo no mundo virtual, expostos a perigos cibernéticos

POr Tarcila França
Foto: Divulgação

Foi-se o tempo em que a criança era criada na rua, ou junto dos avós no sítio. O pequeno que nasceu na Era Tecnológica dificilmente vai saber o que é subir em árvore para colher uma fruta. Ou correr com os pés descalços por aí. Se listar dez brincadeiras de rua, muito provavelmente haverá espanto em não saber do que se trata. Criança de hoje não improvisa brinquedo nem brincadeira. Encontra tudo pronto na internet e nos videogames. Enquanto os pais trabalham, as crianças se entretêm no mundo virtual. Sem um adulto por perto, estão expostas a perigos.
As crianças brasileiras são as que mais ficam online. A média é 18,3 horas conectadas por semana. Os dados são da empresa Norton, que no ano passado fez uma pesquisa com aproximadamente sete mil adultos e 2,8 mil crianças e adolescentes, entre 8 e 17 anos, em 14 países. O estudo da Norton Online Family Report detectou que 60% dos internautas mirins tiveram experiências negativas, mas somente 45% dos pais perceberam.
Não adianta proibir, o melhor é informar sobre os perigos do ciberespaço. Vale também bloquear conteúdo impróprio para o menor como pornografia ou violência. “Mesmo pais ‘analfabites’ (que não dominam a tecnologia), podem rastrear em uma conversa ameaça virtual. É importante que pais e familiares estejam atentos ao comportamento de crianças e adolescentes no computador”, orienta a psicóloga Fabiana De Vechi Pacioni.
Para a profissional, não adianta proibir o uso de redes sociais ou programas de conversas instantâneas. O primeiro passo é participar ativamente das redes sociais e entender como elas funcionam. “Você pode até interagir com o seu filho e os amigos dele. Mas fique atento para não invadir a privacidade dos mesmos”, afirma. O ideal é que até os 10 anos navegue com um adulto por perto.
Filtrar ou bloquear o acesso

“Até que ponto permitir o envolvimento com estes eletrônicos
é benéfico aos filhos?”

Bons exemplos de como orientar seu filho: criado em 2009, o Movimento Criança Mais Segura (criancamaissegura.com.br) orienta sobre o uso prudente e ético da internet. A Intel também acaba de lançar um programa de responsabilidade social via Facebook. Entre em facebook.com/intelbrazil. O assunto está sendo discutido para integrar o currículo escolar. “Tem que explicar em um papo aberto que existe de tudo na internet, inclusive coisas perversas e feias, por isso é importante que os pais limitem o tempo de uso do computador, que não deve ser instalado no quarto da criança”, norteia Fabiana.
Um alerta aos pequenos que não devem entrar em sites de relacionamento. “Isso os expõe a situações que não têm condições de entender. Colocar fotos, então, nem pensar.
Só a partir da adolescência”, ressalta. Mesmo depois dos 12 anos, conhecer quem são os amigos do seu filho é importante. O melhor filtro para seu filho é a orientação do pai. Os filtros são importantes e devem ser instalados com o conhecimento das crianças. “A mãe precisa explicar que nem tudo é adequado. Seu filho pode até ficar chateado, mas acabará entendendo”, diz.
Mas, até que ponto permitir o envolvimento com estes eletrônicos é benéfico aos filhos? Para muitos estudiosos até que eles cheguem aos 17 anos, passatempos tecnológicos deveriam estar fora de questão. “Tanto o computador como todos os outros meios eletrônicos exigem uma enorme autodisciplina e autocontrole, coisa que as crianças e jovens não possuem”, as crianças ainda estão desenvolvendo a capacidade de discernir o que é verdadeiro ou falso, bom ou mau, e colocá-las diante de uma tela cheia de possibilidades e informações é uma porta aberta para diferentes perigos. No entanto, é impossível seguir à risca tal recomendação. O acesso ao mundo virtual se dá desde joguinhos infantis para crianças bem pequenas. Os sites para infantes oferecem jogos e brincadeiras de acordo com a idade.
É importante que a criança desenvolva primeiramente a criatividade e o raciocínio para depois utilizar os meios eletrônicos livremente, sem se tornar dependente da tecnologia. As festas infantis atuais exemplificam bem o mundo de hoje: costuma haver a necessidade de um ambiente temático, um profissional para animar a festa ao contrário de antigamente em que as crianças inventavam o que fazer. “Hoje em dia elas são cada vez mais consumidoras e menos criativas em todos os níveis – ação, emoção e pensamento”, lamenta.

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