Duda a pequena grande guerreira
Uma emocionante história de fé e amor vivida pela família Sombini Carli
Há pessoas que chegam em nossas vidas para deixar uma marca inesquecível, ensinar algo importante e nos tornar pessoas melhores. Mas a forma que isso vai acontecer é uma incógnita. Ninguém sabe a hora certa e muito menos quem será essa pessoa. Quando menos se espera a vida te dá um presente.
Foi assim com Ana Paula Sombini Carli e Leandro Augusto Carli, casados há 5 anos. Eles passaram por uma experiência inesquecível mas que trouxe grandes ensinamentos, esses que vão ser levados pela vida toda. Uma história de amor, paciência, muita fé e acima de tudo a história de um milagre!
Tudo começou em abril de 2017 quando Ana Paula descobriu estar grávida de seu primeiro bebê, para os pais de primeira viagem essa notícia não poderia ser melhor. Com uma viagem já marcada para Orlando com intenção de visitar a Walt Disney World, viram seus planos mudando, mas cheios de amor e carinho realizaram a viagem com outro intuito, fazer o enxoval desse pequeno ser que estava para chegar. “Nós estávamos tão ansiosos com a chegada da nossa pequena que realizamos 9 ultrassons, nem precisava de tudo isso”, diz a mãe sorrindo.
Duda nasceu no dia 29 de dezembro de 2017 muito saudável, realizou todos os exames necessários e teve os resultados perfeitos, A família recebeu alta e foi para casa, para dar início à essa fase de novos aprendizados. Duda se mostrou uma menina doce desde os primeiros dias, mas o ensinamento que ela viria dar aos pais estava por vir.
Consultas normais e rotineiras para um bebê recém-nascido, na primeira, com cinco dias após sair do hospital, tudo certo. Um retorno agendado para os próximos 5 dias apenas para verificar se a criança está engordando, mas aí uma surpresa, a pediatra percebeu um barulho diferente no coração de Duda e encaminhou a criança para um cardiologista, no hospital, outros pediatras examinaram e não perceberam nada de errado, mas como havia o encaminhamento de um médico era necessário que a bebê fosse examinada por um cardiologista.
Foi realizado um ecocardiograma em Duda e a constatação, ela tinha coarctação da aorta, aorta é responsável por levar sangue oxigenado para todas as partes do corpo através da circulação sistêmica, esse quadro é um estreitamento que impede que isso ocorra e a criança pode vir a óbito, descobrindo isso, a bebê foi enviada diretamente para a UTI e transferido para São Paulo no dia 12 de janeiro, pois no hospital da Luz na Vila Mariana, é especialista nesse tipo de problema, onde a criança passaria por exames para realizar a cirurgia que se fazia necessária.
Dia 30 de janeiro o processo cirúrgico teve início e foi um sucesso, porém ela teve duas paradas cardíacas totalizando 8 minutos. Os médicos não conseguiam trazê-la de volta, e foram avisar os pais. “Com meu mundo no chão pedi para que o médico não desistisse porque o coração dela voltaria, ele me ouviu e passou os próximos 40 minutos cuidando dela, eu minha esposa nos colocamos a rezar e pedir para nosso Deus que trouxesse ela de volta, nossas preces foram atendidas”, conta Leandro. Os médicos disseram que a criança poderia ter sequelas e não movimentar os braços nem as pernas, mas ela voltou com 100% dos movimentos.
Todo tempo de hospitalização fez com que os pais de Duda praticamente se mudassem para o hospital e ficariam ali mais alguns dias até a recuperação da bebê na UTI. Foram 18 dias de recuperação e quando estava para ter alta, mais uma surpresa, o surgimento de um quilotórax, acúmulo de linfa no espaço pleural, é uma causa pouco frequente, mas importante de derrame pleural. O derrame pleural acontece devido ao acúmulo excessivo de líquido no espaço pleural, que é o espaço criado entre o pulmão e a membrana externa que o cobre. Com isso, eles precisariam de mais dez dias com medicamento e Jejum, um dreno no pulmão por onde o líquido pudesse ser escoado para que o problema fosse resolvido. “Passaram, 10, 20, 30 dias e nada, além disso o normal de líquido drenado em casos como esse é 20 a 30 ml e a Duda drenava 600 a 700ml. Nós estávamos constantemente pedindo a Deus uma luz, e um dia, nas poucas horas que consegui dormir sonhei que um casal entrou no leito me abraçou e disse, vou curar sua filha, me dê 15 dias. Eu contei para o Leandro e ele marcou a data, seria no dia 9 de março”, diz Ana Paula.
Duda teria que passar por mais uma cirurgia para fechar o orifício por onde o líquido saía, a cirurgia do quilotorax em adultos é muito comum e ocorre diariamente, apenas em bebês não é algo que acontece constantemente, uma médica nos disse que ela viu somente uma vez, a grande maioria se cura com um medicamento e jejum, mas realizaram na pequena Duda antes do dia 9 e foi um sucesso, pelo menos até as primeiras horas de recuperação quando o líquido voltou a vazar. Os pais aguardavam com fé no sinal enviado por sonho, a mãe um pouco menos, mas o pai sempre com uma fé inabalável. No dia 8 à noite, Leandro que ficava com ela no período noturno, percebeu que com o passar das horas nenhuma gota mais caía, quando a mãe chegou pela manhã para a troca de turno teve essa bela surpresa, seu sonho foi realizado.
Mais do que felizes eles saíram para contar aos médicos eles, muito conscientes, pediam calma pois o quadro poderia voltar e foi o que aconteceu. “Nossa fé era tanta de que a cura seria no dia 9 que eu comecei a me perguntar por que, o que estava acontecendo, fiquei arrasada, meu mundo desabou” fala a mãe.
Leandro ressalta que todos à volta do hospital começaram a acompanhar o caso, a história começou a se espalhar e muitas pessoas começaram a se solidarizar. Ele já era cumprimentado por todos, as pessoas perguntavam como ia a filha, e esses momentos ficaram marcados. “Nós podemos ver que nesse mundo, apesar de tudo, ainda existem pessoas boas, com um bom coração, que se sensibilizam com as outras e buscam uma forma de ajudar, seja com um gesto de carinho, um abraço ou uma palavra amiga. Nesse estado, há tanto tempo ali no hospital, fiz amigos e passei a ajudar as pessoas que também estavam passando por ali e precisavam de um ombro amigo”, relata.
Ana Paula acabou tendo mais um sonho onde uma menina pediu para que ela escrevesse uma carta para a mãe, ela não entendeu e contou o sonho ao marido, na mesma hora ele disse seria uma carta para nossa Senhora Aparecida. E ela assim o fez. “Os médicos marcaram mais uma cirurgia pois a Duda estava cada vez mais debilitada, a cirurgia foi marcada, e, um dia antes, o líquido secou. Preferimos que a cirurgia não fosse realizada, mas dois dias depois começou tudo novamente. Não aguentávamos mais, o Leandro que sempre foi forte chorava muito”, conta Ana Paula.
A cirurgia foi remarcada, Duda completou 3 meses de vida, e na Sexta- feira Santa, o milagre começou a acontecer, ela passou a drenar cada vez menos, os pais rezando sempre e toda a comunidade em torno, enfermeiros, pessoas do comércio ao redor do hospital, amigos e familiares, o padre de uma capela próxima ao hospital dedicou muitas orações à pequena Duda e o quadro começou a mudar. Com a melhora a cirurgia foi reagendada, foi reintroduzido o leite via oral. E no domingo recebemos a notícia de que o dreno seria tirado, ela estava curada.
“Nós percebemos o amor das pessoas através do carinho que elas demonstram. No sábado nossos amigos saíram de Indaiatuba e foram até São Paulo passar à tarde comigo e comemorar antecipadamente meu aniversário, na segunda, com aquele pesadelo no fim, a equipe do hospital fez uma homenagem para nós, foi emocionante”, diz Leandro.
Com a retirada do dreno mais uma surpresa, algo que normalmente acontece, um pneumotórax, seria necessário colocar outro dreno para retirar agora o ar que estava no pulmão. Foi tentado realizar massagem, mas foi necessário a colocação de mais um dreno, foram mais 50 minutos de espera, mas o procedimento foi realizado com sucesso, ela teria que ficar com o dreno por 48 horas, então na quinta-feira ele foi retirado. “No sábado dia do aniversário do Leandro, o médico foi examiná-la e perguntou a ela quando queria ir embora, o Leandro respondeu que queria levá-la naquele mesmo dia, já que era o aniversário dele, esse seria o maior presente. O doutor nos abraçou e disse: ‘então, arrume suas coisas porque vocês estão liberados para ir para casa’, foi muita felicidade”, conta Ana Paula.
Dessa vez era verdade, a família foi liberada com uma linda e emocionante carta deixada pelo médico. A experiência trouxe amigos, presentes recebidos até de outras partes do mundo, enviadas por pessoas que o casal nem sabe quem são, fé de todas as religiões. E a mostra de uma pequena grande guerreira que tão nova, mostrou aos pais que é possível lutar pela vida de uma forma leve se você tem apoio de quem te ama e fé no coração. “Ela passou por tudo sempre com um sorriso no rosto, e nos deu força para acreditar que tudo ficaria bem!”, finaliza Leandro.