Papai noel existe?
POr Tarcila França
Fotos: Divulgação
A questão é: contar a verdade ou alimentar a imaginação?
Com a chegada do fim do ano, enfeites natalinos com direito a Papai Noel são unânimes em vitrines, propagandas e no imaginário infantil. Você pode até pensar que o consumismo tira o brilho da essência do Natal, mas vale propagar que existiu, sim, um bom velhinho, o São Nicolau. Ele nasceu na segunda metade do século III. Conta-se que ele era muito generoso.
Escrever cartinha ao senhor que faz Ho ho ho, preparar a árvore de Natal ou colocar uma bota de pano na janela são hábitos culturais em todo mundo. No entanto, muitos pais se deparam com a difícil missão: revelar a verdade ou manter a crença. Papai Noel, fada do dente, coelhinho da Páscoa são exemplos de personagens fantasiosos que fazem a alegria das crianças em todo o mundo.
Mas, os filhos crescem. A psicóloga, Fabiana De Vechi Pacioni, comenta que muitos pais acham que os filhos estão crescendo rápido demais devido ao efeito da televisão/internet. É melhor continuar avivando a fantasia ou contar a verdade. “Do ponto de vista psicológico, essas questões são indicadores de um bom desenvolvimento cognitivo”, diz.
Para ela, acreditar em Noel faz parte do pensamento mágico, que se refere em acreditar em coisas sobrenaturais, superstições, leitura de mente, mágica etc.
“O pensamento mágico é importante, faz parte do desenvolvimento normal. A imaginação, as fantasias, jogos e brincadeiras predominam na vida das crianças e são essenciais para seu desenvolvimento cognitivo”, explica.
É a partir dessas fantasias e jogos que as crianças se relacionam com a realidade se apropriando dela.
Com o tempo, a garotada fica exposta às evidências de que os personagens fantasiosos não existem. “Eles aprendem implicitamente que alguns fatos não podem ser verdadeiros, pois os elementos da fantasia entram em contradição com a realidade”, afirma.
“Sugiro contar somente o necessário, responder às dúvidas, ser sincero”
Então, como e quando contar a verdade? A resposta é que não há um consenso na ciência psicológica. Apesar disso, muitos querem alimentar a fantasia e a criatividade. Para a especialista, à medida que os pequenos começam a buscar as respostas, é preciso devolver as perguntas e ver o que elas já sabem.
Não precisa contar tudo de uma vez, o importante é dizer que, embora Papai Noel não exista, a ideia é ajudar outras pessoas, cultivar o espírito natalino, a solidariedade e o amor ao próximo.
“Sugiro contar somente o necessário, responder às dúvidas, ser sincero. Não acreditar mais em Papai Noel significa desenvolvimento”, opina.