Crônica

Não é só um número

Entre o receio e o anseio, a chegada dos 20 anos

Entre todo o caos, vejo uma luz no fim do túnel. Acho que nem todos os jovens prestes a completar 20 anos passam pela mesma crise – se é que isso pode ser chamado de crise – mas eu, que com 15 sonhava ter 30 e me preocupava em ser uma mulher bem-sucedida, já esperava que os 20 me assustaria.
Você deve estar se perguntando por que uma jovem como eu, na ‘flor da idade’, se preocuparia com o futuro promissor que está tão distante. Pois bem, eis que explico que o futuro promissor não está tão distante assim, afinal, os 20 entram e você não tem estabilidade nenhuma e ainda vive a pressão de que tem apenas dez anos para conquistar isso sem se esquecer de se divertir, casar e ter filhos.
É isso o que se passa na minha cabeça, uma nova fase onde objetivos são a base dos próximos dez anos. E quando começo a pensar, percebo que 10 é um número muito pequeno.
A vida na ‘noitada’ já não tem vez, não que me sinto na obrigação de ter outras prioridades, mas porque, a rotina puxada entre trabalhar e estudar é tão cansativa que na maioria das vezes, não deixa nem um restinho de energia para dar uma volta no shopping.
E se for falar em esgotamento, vale lembrar que os meus 20 traz quase o mesmo estresse que alguém em outra casa decimal tem. Fora que se junta com os hormônios à ‘flor da pele’, a essa transição de fase e responsabilidades e ao medo que parece andar de mãos dadas comigo ultimamente.
Antes, eu queria me esbaldar na balada, sem me preocupar com o amanhã. Não é que eu ainda não queira isso, mas não mais como antes. Eu posso e sei disso. Mas a gente cresce e aprende que a vida proporciona muito mais do que noites risadas e alguns drinks.
Agora, quero experimentar coisas novas, conhecer lugares diferentes, me aproximar de pessoas que assim como eu, consegue perceber que 20 não é só um número.
Você pode realmente pensar que sou um tanto quanto precipitada, mas a nova fase, para mim, requer uma pitada de anseio pelo futuro. Quero que o futuro chegue na hora certa, do jeito certo.
Quero me aproximar dos 30 com a certeza de que terei um carro, uma casa, um marido e um ótimo trabalho. Mas além de tudo isso, quero que uma coisa simples faça morada em todos os meus dias: a alegria de viver.
Se você chegou até este parágrafo e de certa forma achou que nada fez sentido, é sinal de que consegui passar exatamente o que queria. Pois entre tantas palavras arrumadas cuidadosamente em frases, o fim de cada trecho, assim como cada fase da vida, é surpreendente.

 

*Ana Gasparotto é estudante de jornalismo e nas horas vagas escreve sobre o cotidiano

Foto: Divulgação

Notícia Anterior

Joyce e Fabiano lançam clipe e música com a participação especial de Dodô, do Pixote

Próxima Notícia

Festival Franco-Mineiro Invade o Green House Gourmet Restaurante