CrônicaCultura

FILHOS

Um momento para reflexão

POR João Scalfi
Diretor do Educandário ‘Deus e a Natureza’
www.educandariodn.org.br • E-mail: scalfi@terra.com.br

Nasce a criança, trazendo consigo o patrimônio moral que lhe marca a individualidade antes do renascimento no plano físico; no entanto, receberá os reflexos dos pais e dos mestres que lhe imprimirão à nova chapa cerebral às imagens que, em muitas ocasiões, lhe influenciarão a existência inteira.
As crianças confiadas ao nosso zelo são portadoras de aparelhagem neurocerebral completamente nova em sua estrutura orgânica, à feição de câmera fotográfica habilitada a recolher impressões corretas das imagens focalizadas. O objetivo, é representado na mente infantil por um espelho renovado em que se conjugam visão e observação, atenção e meditação por lentes da alma, absorvendo os reflexos das mentes que a rodeiam e fixando-os em si própria, como elementos básicos de conduta.
Os pequeninos acham-se, deste modo à mercê dos moldes espirituais dos que lhes tecem o berço ou que lhes asseguram os ensinamentos na escola da vida, e o equilíbrio, no caminho reto.
Não esqueçamos que nossos filhos, embora carregando consigo suas experiências passadas, em verdade, são companheiros que nos retomam transitoriamente o convívio, para se reajustarem conosco, aos impositivos da Lei Divina, necessitados quanto nós mesmos, de provas e ensinamentos, no que tange ao trabalho de regeneração mútua desejada.
Excetuados alguns, seres especiais, à face da missão particular de que se investem na renovação do ambiente comum, todos eles sofrem os nossos reflexos, porque os pais e educadores são o espelho para eles, que vão assimilando impressões perduráveis que, às vezes lhes acompanham os passos desde a meninice até o tempo determinado para o convívio juntos.
Tratá-los à conta de enfeites do coração será induzi-los a marcantes enganos, porquanto, em se tornando ineficientes para a luta redentora, quando se lhes desenvolve o veículo orgânico, facilmente se ajustam ao reflexo dominante de inteligências outras, aclimatadas na sombra ou na rebeldia, gravitando para as influências de valores negativos.
É assim que toda criança, entregue à nossa guarda, é um repositório vivo a colecionar nossas imagens da experiência diária, competindo-nos, pois, o dever de traçar e oferecer-lhe noções de justiça e trabalho, fraternidade e ordem, habituando-a, desde cedo, à disciplina e ao exercício do bem, com a força de nossas demonstrações, sem, contudo, furtar-lhe o clima de otimismo e esperança.
Acolhendo-a, com amor, cabe-nos recordar que o coração da infância é vaso precioso a incorporar nossos reflexos, troféu que nos retratará até para além do grande futuro, no qual passaremos, todos, igualmente, a viver na função de herdeiros das nossas próprias obras.

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